DOCUMENTÁRIO SERTÃO COMO SE FALA
Em outubro de 2014, Fernando Poletti integrou a equipe de produção do documentário Sertão como se Fala, que percorreu sete estados do Nordeste brasileiro para registrar histórias de pessoas que aprenderam a ler [o mundo] com o alfabeto sertanejo. Ele ilustrou os traços e características dos povos e localidades desta região do Brasil. O abc do sertão considera os sons das letras e não seus nomes, como faz o convencional, em português.
O filme investiga as raízes deste modo de falar e busca professores e alunos que ensinam a falar “mê” ao invés de “eme” e “lê” no lugar de “éle”. São nove as letras do alfabeto convencional que têm um som diferente em grande parte do sertão: Ê – Fê – Guê – Ji – Lê – Mê – Nê – Rê – Sí.
O filme foi lançado em 2016, no espaço cultural Cento e Quatro, em Belo Horizonte [MG, Brasil]. Na ocasião foi realizada uma exposição com as ilustrações que Fernando Poletti produziu no decorrer do projeto.
SAIBA MAIS . INSTAGRAM . FACEBOOK . WORDPRESS. CLIQUE PARA VER PARTE DAS ILUSTRAÇÕES . SERTÃO . LAMPIÃO.
EXPOSIÇÃO CORPOS EM TRÂNSITO
MUSEU INIMÁ DE PAULA . BELO HORIZONTE . DEZEMBRO 2019 A MARÇO 2020
A exposição CORPOS EM TRÂNSITO - formas de conter e contar o mundo reflete sobre a busca de equilíbrio, sobre movimentos que ora impõem limites e cargas, ora deslocam e libertam corpos dos pesos que ousaram suportar.
⠀
"Nesta exposição, Fernando Poletti mostra corpos que ressaltam a falta de cabimento dos papéis sociais aos quais somos submetidos, quaisquer que sejam eles. Ele aponta para a quase impossibilidade de cada ser humano, em sua individualidade, caber nos moldes, modelos ou normatividades estabelecidas, por mais “naturalizadas” que elas sejam. Os diversos territórios que o artista atravessou e que o atravessaram, foram primordiais para a criação dessa narrativa visual. Fernando é argentino e antes de se radicar no Brasil transitou por vários países da América Latina e também pela África. Nessas andanças, se deparou com diferentes pessoas, com vidas bastante distintas, todas em busca de um equilíbrio, mesmo que transitório, em meio às demandas da vida cotidiana. A partir disso, ele passou a transformar em imagem um pouco do que os corpos podem contar sobre nosso descabimento. Logo, o equilíbrio que ele busca é bastante específico, é um equilíbrio metafórico que transparece no corpo. Metafórico, pois seus corpos não visam movimentos que demonstram a capacidade de elasticidade do indivíduo, eles cristalizam um frame de uma cena. Solidificam um instante de uma ação completa, o qual transparece processos de domesticação e de docilização.
Cada movimento retratado enfatiza as estratégias que criamos para tornar suportáveis os pesos e os passos da vida. Seus trabalhos visam o contrário da beleza expressa na estatuária grega, que, como mostra Gombrich, se baseia na capacidade de criar corpos mais que humanos. Os corpos de Fernando são entes comuns, somos nós mesmos em nossa rotina. Neles vemos o cansaço, a idade, o sexo. Vemos os desafios que enfrentamos cotidianamente. Acontece que não estamos habituados a nos colocarmos diante do que atesta nossa humanidade, nossa fraqueza, nosso descabimento. É nesse sentido que, em sua obra, a forma do mundo é o corpo.
Reproduzidas a partir de moldes pré-fabricados, suas esculturas ressaltam as singularidades das cópias, desmistificando a noção de originalidade, característica do ocidente moderno como mostra Rosalind Krauss, e ressaltando o descabimento não apenas dos seres humanos, mas também da barbotina ou da resina em uma fôrma. Aquilo que geralmente chamamos de “erro” ou de “imperfeição” são, na verdade, as marcas da singularidade de cada fazer, de cada processo, mesmo que ele seja tão mecânico quanto o ato de preencher com resina moldes pré-fabricados. Ao dar ênfase às supostas falhas e diferenças da reprodução, Fernando desnuda nosso olhar sobre o mundo, o olhar que busca a identidade, ao invés da diferença, o olhar que tem dificuldades de lidar com o que se distancia do modelo. Suas esculturas apontam para a multiplicidade e para a pluralidade em uma multidão de aparentemente iguais. [Texto curatorial, de Rachel Cecília de Oliveira].
FICHA TÉCNICA
exposição .
FERNANDO POLETTI . escultor e ceramista
RACHEL CECÍLIA DE OLIVEIRA . curadoria . texto curatorial . expografia
RODRIGO BORGES COELHO . concepção curatorial etapa inicial . expografia
FERNANDA BRESCIA . produção executiva . coordenação comunicação . fotos . vídeos . captação de recursos/parcerias . assistência concepção artística
LEO ROSÁRIO . design gráfico exposição
LUCAS DASC . design gráfico peças pré-produção . captação de recursos/parcerias
ATHOS SOUZA . vídeos para redes sociais . video de processos da exposição
JOSÉ MARTINS . vídeo e fotos cobertura da exposição
FELIPE CHIMICATTI . fotos para catálogo da exposição
THIAGO FERREIRA . assistente do atelier . montagem
PABLO ALVES DE CARVALHO . colaborador
ALEXANDRE SILVA . fundição são vicente
SÉRGIO ARRUDA . montagem
JOSEANE JORGE . vernissage
museu inimá de paula .
ANDRÉ CAVIOLA . coordenação de arte e educação
ANDRÉA VICTOR . gerente de relacionamento
apoio cultural .
CASA DA RESINA
COPIARTE
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO
MAX PRINT DIGITAL
PASCHOAL MASSAS
ASSISTA ABAIXO VÍDEOS QUE MOSTRAM PROCESSOS DE PRODUÇÃO DAS ESCULTURAS DA EXPOSIÇÃO: