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MURAL URBANO . EDITAL GENTILEZA

Em outubro de 2018, Fernando Poletti e o artista Virgílio de Barros produziram um mural de 7 metros que combina as técnicas de lambe-lambe, fotografia, ilustrações e pintura mural. Projetado para colorir o viaduto da Avenida Silva Lobo, no bairro Calafate, em Belo Horizonte, o mural reflete sobre o “não-trânsito”, o não movimento, as frações de tempo perdidas no deslocamento urbano. 

A ideia, que surgiu a partir do edital “Em não Trânsito – Ilhas”, promovido pelo edital Gentileza, da Secretaria de Cultura de BH, tem a intenção de apresentar, nas imagens do mural, situações cotidianas e espaços físicos urbanos em que os pedestres ficam retidos compulsoriamente, numa fração temporal que extrapola a vontade. Estes lugares são definidos pelos artistas como “ilhas”, porções de asfalto que reúnem pessoas em torno de um mar de carros e ondas (sonoras, visuais, energéticas, tecnológicas) das mais diversas qualidades. Sendo assim, o trabalho critica a priorização do tráfego dos veículos, que ocorre inclusive institucionalmente, por meio dos órgãos de organização do trânsito. 

 

O tema do mural surgiu em 2017, quando os dois artistas participaram do projeto “Ateliê no Prédio”, no Almeida - Centro de Inspiração, uma ocupação artística no hipercentro de Belo Horizonte que tinha como intenção promover interações dos artistas com o entorno, além de reflexões e trocas artísticas a partir destas relações. A experiência de transitar nas ruas do centro da cidade, observando e enfrentando as dificuldades dos deslocamentos, despertou a necessidade de realizar um projeto artístico que discutisse a falta de cuidado e de valorização do pedestre por parte do sistema de trânsito. O mural se apresenta, assim, como uma pausa, um sinal (não semáforo) de que é preciso repensar os passos e os tempos nas metrópoles, de que é preciso se reaproximar do verde que nos faz seguir.
 

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